quarta-feira, outubro 12, 2011


HISTÓRIA FAMILIAR

TIPO 1
           
Normalmente, a personalidade perfeccionista é estabelecida a partir de pais muito severos que puniram o filho do modo adequado quando criança. Por ter sido punido e premiado quando devia, acabou adquirindo uma obediência e um respeito muito grande aos pais, interiorizando o superego parental e desenvolvendo um controle também muito grande sobre si mesmo. Outras vezes, ainda , na infância, teve que assumir responsabilidades de adulto, a fim de compensar a imaturidade de um membro da família.          

A personalidade perfeccionista aprendeu desde cedo a negar o prazer, principalmente quando em público, e a sua recompensa é o orgulho de poder mostrar seu autocontrole. Foi aquela criança boazinha, obediente, que fazia tudo o que os pais esperavam dela. Aprendeu a se comportar adequadamente e a ser correta aos olhos dos outros, procurando não cometer erros para evitar críticas.   
           
Para o perfeccionista, é muito doloroso receber críticas alheias, porque ele já é atormentado pelo próprio julgamento. A  preocupação com o comportamento correto desenvolvido na infância, quando era obrigado a aceitar os padrões adultos de ser, fez com que passasse a atentar para cada detalhe, seja de como falar, se comportar, se vestir ou trabalhar, ao mesmo tempo em que desenvolveu uma capacidade crítica muito grande, que o faz sempre encontrar defeitos nos outros.   
           
A idealização da perfeição é manifestada através de um forte e interiorizado código de moral. Freqüentemente, é o censor do mundo, qualificando aquilo que pode ou não ser visto pelo público em geral. Para ele, o tempo é algo que tenta controlar obsessivamente. Não admite não fazer nada. Mesmo se estiver de férias, sempre procura fazer algo, como aprender a navegar ou levantar muito cedo para visitar todos os pontos turísticos. Odeia perder tempo.
           
Quando a raiva aparece no ponto 1, ele, em sua autocrítica, decide que não deve senti-la. Ao reprime-la, torna-se ressentido de sua própria imperfeição.
           
Como é uma pessoa rígida no comportamento, esta rigidez se transporta para o seu corpo físico. Freqüentemente apresenta problemas de tensão muscular, dores de cabeça, artrites e dores nas juntas. Sua tensão corporal manifesta-se principalmente pela compressão da mandíbula.


TIPO 2

O tipo 2 caracteriza aquela criança que recebeu amor e segurança dos adultos em troca de ter dado a eles aquilo de que precisavam. Muito cedo ainda, desenvolveu uma habilidade natural de adaptar sentimentos de modo a corresponder às necessidades dos adultos. Desta forma, assegurava a aprovação dos mais velhos, a retribuição do amor, para ele algo fundamental, além de se tornar importante na vida deles, pelo que oferecia em termos de corresponder às necessidades emocionais das pessoas.
           
Desde a infância, a atitude deste tipo de personalidade é a de ajudar os outros, procurar ser útil e sempre dizer algo que agrade; ele trabalha no sentido de desenvolver sua sensibilidade para entender as necessidades alheias e se predispõe a alterar suas próprias convicções para  satisfazer o desejo dos outros. Uma criança para a qual a segurança depende do que ela dá desenvolverá uma espécie de orgulho em se tornar necessária para os outros e acabará não reconhecendo suas próprias necessidades pessoais.

O tipo 2  é  caracteristicamente feminino, embora existam também figuras masculinas. é aqui que habitam as “filhinhas do papai” ou os “filhinhos da mamãe”, porque desde cedo aprendeu como ser a “doçura” ou a  “princesinha” do papai, ou o “homenzinho” ou o “namorado” da  mamãe.

O indivíduo deste ponto acredita que é capaz de perceber os mais profundos sentimentos das pessoas. Esta habilidade provém da forma de como ele aprendeu a corresponder às necessidades dos outros, ora adulando ou bajulando ora ajudando cada um nas suas carências ou preocupações mais constantes. Nunca dirá algo que ofenda ou desmereça alguém. Por exemplo, se você estiver errado, um 8 lhe dirá na cara: “Você está errado”. O 1 poderá dizer: “          Você é imoral, e nunca deveria ter feito tal coisa”. O 2 dirá:  “Eles deveriam ser mais compreensivos com você” ou “Ninguém tem o direito de atirar a primeira pedra”.  O outro protótipo do 2 é aquele que manipula as possibilidades para se tornar indispensável e amado, e, a partir daí, usa suas habilidades de sedução para conseguir o que precisa.




           
TIPO 3
           
Quando criança, começou a produzir muito cedo, e foi reconhecido pelo produto em si e não pelo que era como pessoa. Deste modo, aprendeu desde pequeno que a forma pela qual poderia conseguir aprovação e amor seria através do desempenho eficiente na execução de uma tarefa, e não pela capacidade do envolvimento emocional com os outros.

Sua infância foi, assim, dedicada ao trabalho, em vez de às brincadeiras ou ao lazer característicos desta fase. Na realidade, não teve sequer o que chamamos de infância, pois neste período da vida trabalhava para produzir. Era a criança precoce, que parecia e agia como uma miniatura de adulto. Por ter perdido logo contato com os seus sentimentos mais profundos, quando adulto, em estado alterado por drogas, álcool ou sexo, geralmente deixa escapar emoções infantis. Curiosamente, costuma ter também a aparência muito jovem para a sua idade cronológica.

Uma vez que era amado pelos resultados conseguidos, aplacou suas emoções e centrou sua atenção em ter status, o que passou a ser uma garantia de receber amor. A idéia é trabalhar duro, ganhar reconhecimento, assumir a liderança e vencer.  É muito importante evitar falhas, porque somente os vencedores são merecedores de amor. Desde muito cedo aprendeu a vender sua imagem.

            O que o mundo quer o 3 produz.


TIPO 4

Na sua infância existe sempre uma história de abandono, que representa o ponto central da sua característica. O abandono pode ser uma situação real, depois de ter todo o cuidado e carinho dos pais, ele se vê rejeitado por qualquer motivo, ou pode ser uma visão  deturpada de alguém que, necessitando de mais afeto, se sentiu rejeitado por não obter o que queria. O exemplo mais comum é o do abandono pelo divórcio dos pais, se o mais amado saiu de casa. Ou, ainda, pela morte de um dos pais quando  era ainda bem pequeno.

De qualquer modo, a frustração por ter se sentido abandonado em criança o acompanhará na idade adulta e representará um fator muito importante para afastá-lo da felicidade, porque sempre lhe faltará algo para completar sua plenitude.

O medo do abandono e de ser ignorado fez com que o 4 aprendesse a interiorizar a idéia de que o objeto de seu amor um dia o deixará. Naturalmente, o seu humor estará sujeito ao modo como estará encarando o seu amor atual, mas, no fundo, sempre existirá aquela dúvida: quando serei abandonado outra vez ? Isso fará com que o seu humor volte a ser melancólico e a depressão, a sua companheira.

Na literatura, este tipo é chamado de “o romântico trágico”, que representa aquele que, tendo sucesso em todos os outros campos, está sempre voltado para um amor passado ou pensando no amor ainda não encontrado, que algum dia virá para trazer-lhe a felicidade que só o amor pode dar.

Enquanto o 2 conseguiu o amor dos pais, com o 4 acontece exatamente o oposto: ele sente que perdeu este amor. Tanto o homem quanto a mulher deste tipo têm esta experiência de perda, ou a emoção da perda de alguém muito importante quando criança; por isso, internalizou o sentimento de que algo está errado com ele.


TIPO 5

Todos nós conhecemos alguém que parece ser de pedra e tão impenetrável quanto um castelo medieval com um fosso à sua volta e janelas no alto das torres. Esta é a personalidade 5. Nela nunca penetramos, nem ela jamais deixará os seu muros e as suas defesas para nos encontrar.
           
O 5 sempre ficará seguro atrás das suas muralhas olhando de longe para o outro. Por que ele é assim ? Porque, quando criança, o seu castelo foi invadido e ele perdeu a sua privacidade. A partir daí, adotou uma estratégia de necessidade mínima, onde o contato foi reduzido e os sentimentos interiorizados de forma a proteger a sua privacidade. Todo este dilema foi produzido a partir do relacionamento intenso dos seus pais, que não davam espaço para ele ser ele mesmo. Assim, teve que se fechar emocionalmente para se afastar daquele que não lhe dava sossego. É comum encontrarmos aquele tipo de mãe ou pai que não dá um mínimo de trégua ao filho. Ele não pode fazer nada que lá vêm eles atrás para saber o que está havendo, sufocando qualquer iniciativa que tenha, ou inspecionando todas as suas gavetas a fim de achar vestígios do que estava fazendo.
           
Como não havia lugar onde pudesse se esconder, pois um dos seus pais estava lá, ele retirou-se para dentro da mente, pois nem no próprio quarto tinha privacidade. Precisando escapar e não tendo para onde ir, colocou-se de tal forma que sua emoção foi reprimida e protegida por muros resistentes.


TIPO 6

As características do tipo 6 adquiridas na infância provêm do fato de ter sido criado por pais que eram imprevisíveis na forma de lidar com ele. Assim, não podia confiar nas reações deles. A falta de confiança na autoridade parental fez com que se tornasse super-alerta na relação com eles, o que não significava, entretanto, uma segurança, pois as punições eram mais devido ao estado de espírito dos pais do que propriamente pela criança ter feito algo errado. Diante desta atitude, cresceu com medo daqueles que tinham autoridade sobre ele. Esta memória foi trazida até a vida adulta e fez com que passasse a suspeitar de todas as pessoas. Tenta minimizar a sua insegurança procurando um forte protetor ou indo contra a autoridade.

Este tipo foi uma criança que cresceu vigiando cuidadosamente os adultos, porque era tratado erraticamente por eles, e também porque, assim, poderia se esconder caso alguma ameaça pairasse no ar. Aprendeu, então, a hesitar, a verificar sinais de perigo, a sentir o posicionamento da figura da autoridade antes de se direcionar.

O medo de ser machucado ou humilhado fez com que ele, ainda criança, antes de tomar uma decisão procurasse conhecer primeiro a intenção dos outros. Por isso, o lugar-comum do 6 criança foi se sentir sem proteção e sem um porto seguro para onde ir. Isso causou neste adulto a sensação de estar do lado do perdedor, sem uma figura forte para oferecer proteção.
Na sua história, existe o bicho-papão no armário e ele se encontra só e inseguro. A imaginação é tão prodigiosa que é capaz de assustar a própria pessoa ou criar fantasmas para ferir alguém com seus pensamentos.

A desconfiança na figura da autoridade causou-lhe dependência em ambos os sentidos: ou se sente fraco e com medo, e precisa de alguém com autoridade para tomar conde dele, ou se rebela contra a autoridade “que está tentando tirar vantagem da sua fraqueza”.


TIPO 7

O tipo 7 caracteriza aquele que teve uma infância plena e cheia de memórias agradáveis. A sua vida, embora tendo eventos desagradáveis, não apresenta nenhuma amargura. Na verdade, o que ele mostra desde a infância e que irá caracterizar a sua vida adulta é a capacidade de centrar a sua atenção nas memórias positivas.

Quando o cenário de sua vida apresenta-se mal e negativo, é capaz de se colocar à parte e negar tal situação, para não se confundir com ela.  “Eu estou bem; se a situação está mal, um dia ficará melhor”.

Recusa-se a ver a situação negativa. Ao contrário do 6, que só se lembra das situações negativas, ele tende a se concentrar nas situações agradáveis, devido à característica de fugir do sofrimento e se mover em direção ao prazer.

Em muitos casos, aparenta ter problemas com o pai, mostrando-se muito mais chegado à mãe. Talvez devido a esta inclinação, na vida adulta irá assumir uma posição antimachista e abraçará as idéias feministas.


TIPO 8

Na infância, para sobreviver, o tipo  8 teve que desenvolver uma couraça protetora, ao mesmo tempo em que seu interior tornava-se forte e destemido, porque ele teve que crescer rapidamente a fim de tomar conta de si mesmo. Desse modo, aprendeu a transformar de imediato seus impulsos em ações, agindo sempre primeiro e pensando depois. Esta característica  permaneceu com ele durante toda a vida.

O mundo que habitava era dominado pelo maior e mais forte, que controlava sua vida. Estava sempre se confrontando com situações e pessoas arbitrárias, e desta forma desenvolveu uma força interior que carrega como um trunfo de que sempre dispõe na hora de enfrentar uma situação adversa.

Quando criança, aprendeu que os mais fortes e os vencedores é que são respeitados, enquanto que aqueles que mostram fraqueza não merecem consideração e são rejeitados pelos seus pares. Logo, teve que passar a negar suas próprias fraquezas e limitações, para parecer forte e destemido, conquistando, assim, o direito ao respeito e admiração dos outros. É por isso que, adulto, não se intimida diante da defesa inimiga. Na verdade, confia tanto em si mesmo que diante de uma ameaça, em vez de retroceder, avança, pressionando o flanco com a segurança e a força de quem está acostumado a enfrentar as batalhas.

Foi punido pelas coisas que não fez e, por este motivo, criou  o senso de que as leis são arbitrárias, tanto assim que julga que pode fazer suas próprias leis. Além disso, na luta para se defender, acabou por achar que era mais divertido quebrar as regras do que segui-las.


TIPO 9

O tipo 9 foi aquele tipo de criança que na infância recebeu muito pouca atenção dos pais. Não porque esses necessariamente tenham dado pouco amor ou carinho, mas sim porque ele precisava de mais do que o que recebeu. Desta forma, sentiu-se em segundo plano e passou a agir como um observador, retirando-se do primeiro plano ou do centro dos acontecimentos familiares. Percebia que seus pontos de vista ou suas vontades não eram atendidos pelos pais e que as necessidades dos outros pareciam mais importantes para eles do que as suas próprias.

Uma vez que as suas prioridades e necessidades mais prementes nunca foram tomadas em consideração, aprendeu a revelar suas reais necessidades, para se dedicar as coisas menores e sem importância. De tanto desviar sua energia das verdadeiras prioridades para objetivos ou coisas menos fundamentais, perdeu a noção daquilo que realmente quer. Em conseqüência, perdeu também a noção do que é importante ou não para ele.

Como na infância, por achar que ninguém prestava atenção nele, passou a observar os outros, adquiriu, quando adulto, a característica de assumir a personalidade dos que exercem influência sobre ele. Assim, é capaz de abrir mão de sua posição numa conversa e adotar os maneirismos e as opiniões de alguém que lhe tenha captado a atenção. Ser uma espécie de  “camaleão”  é uma marca registrada do 9.

Na verdade, assume as características de quem estiver mais próximo porque não consegue definir as suas próprias. Como criança, tendia a viver através dos pais, e, como pai ou mãe, tende a viver através dos filhos.

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