domingo, dezembro 05, 2010

Tipo Quatro

Tipo QUATRO: O Individualista


Reconhecendo QUATROS:
O Tipo Quatro exemplifica o desejo de sermos nós mesmos, de sermos reconhecidos por quem somos, e de conhecermos as profundezas dos nossos corações. De todos os tipos, os Quatros são os mais conscientes de seus próprios estados emocionais. Eles percebem quando se sentem chateados, ansiosos, atraídos por outra pessoa, ou qualquer outra combinação sutil de sentimentos. Eles prestam atenção às suas diferentes emoções cambiantes e tentam determinar o que seus sentimentos estão lhes dizendo sobre eles mesmos, os outros, e seu mundo. Quando Quatros estão mais equilibrados, sua primorosa sintonia com seus estados internos permite a eles descobrir profundas verdades sobre a natureza humana, ser testemunhas compassivas do sofrimento dos outros, ou ser profundamente honestos consigo mesmos sobre seus próprios motivos. Quando estão menos equilibrados, eles podem ficar perdidos em seus sentimentos, com os pensamentos excessivamente ocupados com reações emocionais, lembranças e fantasias, tanto positivas quanto negativas.

Quatros não são sutis e são expressivos, e eles são capazes de colocar em palavras sentimentos e estados que outras pessoas possam reconhecer, mas não conseguiriam expressar tão eloqüentemente. (“Aquele poema captura exatamente como eu me sentir ao sair de casa.”) Sendo emocionalmente honestos, e tomando o tempo para ver o que eles realmente sentem sobre as coisas, eles encorajam outros a olhar mais profundamente dentro de si mesmos.

Quatros também são pessoas que se importam muito com beleza e gosto. Muitos Quatros, por exemplo, estão envolvidos em atividades artísticas. Mesmo que não sejam eles mesmos artisticamente criativos, Quatros buscam arte, poesia, música, e outras expressões que eles acham belas, pois eles sentem que estas coisas revelam algo verdadeiro sobre eles mesmos e sobre a natureza humana.

Quatros muitas vezes se vestem de maneiras que acentuam seus próprios sensos de estilo pessoal, mas também de maneiras que simbolicamente deixam os outros sabendo como estão se sentindo (vestir-se completamente de preto ou em tons de violeta, por ex.). Da mesma maneira, eles tipicamente decoram suas casas com objetos e cores que evocam um forte senso de imagem e estado de espírito e refletem sentimentos pessoais e associações.

Acima de tudo, Quatros querem distinguir-se dos outros – eles querem sentir que seu gosto, sua auto-expressão e sua profundidade emocional são únicos. Assim, eles tendem a enfatizar todas as maneiras pelas quais eles não são como os outros – principalmente sua própria família. Eles querem profundamente saber quem são e que quem eles são é especial de alguma maneira. Serem elogiados ou ouvirem que são amados é legal, é claro, mas o que Quatros realmente querem é que os outros reconheçam e apreciem o padrão de qualidade que é único deles – o fato de que eles não são genéricos.

Devido a sua poderosa necessidade de se verem como diferentes dos outros, Quatros muitas vezes acabam se sentindo sozinhos e incompreendidos. Eles se tornam “forasteiros” criativos, e têm orgulho disso. Se estiverem trabalhando em um trabalho regular, eles encontrarão maneiras de colocar sua marca original em seu trabalho. Isso pode ir desde encontrar sua própria maneira de apresentar relatórios, a ter um estilo de design reconhecível, até decorarem seus escritórios de um modo que reflita seus gostos e sentimentos. Eles podem dirigir sua própria companhia (contanto que exista um componente criativo no seu trabalho e seja emocionalmente satisfatório), ou podem estar em uma profissão que faça uso de seu toque pessoal, como designer de roupas, advogado, ou um terapeuta de algum tipo. Quatros são muitas vezes artistas profissionais, escritores ou professores. Acima de tudo, Quatros querem que suas vidas sejam uma obra de arte.

Eles querem realizar algo belo apesar da solidão, sofrimento, e dúvidas de si mesmo, que eles sentiram tão freqüentemente.

Infelizmente, a necessidade do Quatro de ser diferente também pode levar à alienação e a uma tendência em ficarem absortos em sentimentos de perda, tristeza, e melancolia. Todos os nove tipos podem se sentir tristes, solitários, ou deprimidos, mas Quatros se sentem assim freqüentemente – mesmo quando não há nada em sua vida atual que cause estes sentimentos. Muitas vezes eles ficam convencidos de que esses sentimentos são mais reais e autênticos quando comparados com sentimentos mais passageiros de felicidade ou entusiasmo. De fato, Quatros começam a sentir que estão sendo as pessoas mais reais, as pessoas mais honestas, porque estão focando em desapontamento e tristeza. Em última instância, isso pode levá-los a nutrir e prolongar esses sentimentos dolorosos em si mesmos.

Em breve, Quatros querem expressar si mesmos e sua individualidade, criarem e se cercarem de beleza, manterem certos estados de espírito e sentimentos, se retrair e proteger suas vulnerabilidades, cuidar de necessidades emocionais antes de qualquer coisa, e atrair um ‘salvador” que irá entendê-los.

Quatros não querem restringir ou perder o contato com suas emoções, sentir-se comum, não ter sua individualidade reconhecida, ter seu gosto questionado, serem exigidos em cenários sociais, seguir regras e procedimentos impessoais, gastar tempo com pessoas que eles acreditam faltar gosto e profundidade emocional.

Seu Lado Oculto
Na superfície, Quatros podem parecer sofrer de dúvida crônica de si mesmos e extrema sensibilidade à reação dos outros a eles. Mas parte da razão para isso é que os Quatros muitas vezes mantêm uma imagem secreta, interna, de quem eles acham que poderiam ser. Eles têm uma idéia do tipo de pessoa que seria fantasticamente talentoso, socialmente adepto e intensamente desejado. Em resumo, Quatros acreditam que se de alguma maneira fossem diferentes de como são, eles seriam vistos e amados. Infelizmente, eles constantemente se comparam negativamente a esse eu idealizado secreto – o ‘eu fantasioso”. Isso dificulta muito aos Quatros apreciarem muitas das suas genuínas qualidades positivas pois elas nunca são tão maravilhosas quanto sua fantasia. Muito do crescimento para o tipo Quatro envolve deixar esse eu secreto idealizado para que possam ver e apreciar quem eles realmente são.

Questões de Relacionamento
Como os românticos do Eneagrama, Quatros focam uma boa parte do seu tempo e atenção em seus relacionamentos. Quatros altamente funcionais são sensíveis aos outros – especialmente aos sentimentos dos outros – e apreciam qualquer tipo de troca pessoal autêntica. São excelentes ouvintes e dão toda sua atenção quando alguém com quem se importam está tentando se expressar. Infelizmente, Quatros também tendem a ficar presos em suas próprias reações e dramas emocionais. Quando isso acontece, eles têm dificuldade de ver os outros ou ouvi-los objetivamente. Suas fortes reações emocionais podem dificultar-lhes a manutenção de conexões interpessoais. Quatros tendem a ter os seguintes problemas nos relacionamentos:
 Tornam-se absortos em si mesmos e desinteressados nos sentimentos e problemas dos outros por sentirem-se oprimidos por seus próprios sentimentos
Idealizam parceiros em potencial, e aí se sentem decepcionados uma vez que os conhecem – muitas vezes desvalorizando-os e rejeitando-os.
Colocam grandes expectativas de apoio e ‘sustento’ no parceiro
Ficam mal-humorados e temperamentais – fazendo os outros “pisarem sobre ovos”.
Sonegam atenção e afeto para punirem os outros.
Imaginam que os outros têm opiniões sobre ele piores do que ele mesmo – sendo irritáveis e hipersensíveis a qualquer desfeita.

A Paixão: Inveja
Em algum nível, Quatros acreditam que falta a eles algo que as outras pessoas parecem ter. Sentem que algo está errado com eles ou com seus relacionamentos, e eles começam a estar agudamente conscientes do que não está funcionando em suas vidas. Naturalmente, dado este estado de espírito, é difícil para os Quatros sentirem-se bem consigo mesmo ou apreciar as coisas boas em seu mundo.
Quatros acertadamente percebem que existe algo de inadequado e incompleto no ego, mas eles incorretamente presumem que eles são os únicos que sofrem desse problema. Quatros adquirem então o hábito de se compararem aos outros, concluindo de algum modo que eles ‘pegaram o palito mais curto”. Quatros sentem que eles foram destacados pelo destino por maus tratamentos, azar, relacionamentos insatisfatórios, deficiência dos pais, e sonhos despedaçados. É quase um choque para muitos Quatros descobrir que outras pessoas sofreram tanto ou até mais do que eles. Isso não significa que os Quatros não tenham sofrido ou que seus passados dolorosos não têm conseqüências. Mas v precisam ver como eles perpetuam seu próprio sofrimento, focando continuamente em velhas feridas ao invés de verdadeiramente processarem essas mágoas e desapegarem delas de uma maneira que permitisse a eles se curarem.


No Seu Melhor
Quatros saudáveis empenham-se para serem verdadeiros com eles mesmos. Eles são emocionalmente honestos e não têm medo de se revelarem para os outros, mesmo com os “podres”. Eles combinam auto-ciência e introspecção, com grande força e resistência emocionais. Eles trazem uma sensibilidade intensificada para suas experiências e são capazes de compartilhar com os outros as sutilezas de seu mundo interior. Isso convida os outros a fazer o mesmo.


Eles são altamente intuitivos e criativos e acrescentam um toque pessoal, humano, a qualquer coisa em que estejam envolvidos. Eles tratam os outros com gentileza, tato e descrição. Eles podem ser maravilhosamente expressivos com uma visão irônica, espirituosa, da vida e de si mesmos, muitas vezes encontrando humor em suas próprias manias e contradições. Eles trazem um senso de beleza, refinamento, e riqueza emocional para dentro da vida das pessoas.
Assim, Quatros altamente funcionais são profundamente criativos, expressando o pessoal e o universal, possivelmente através da arte, mas também em seu dia-a-dia. Eles estão em contato com a natureza sempre mutante da realidade e são inspirados por ela. Quatros altamente funcionais são capazes de renovar-se e regenerar-se repetidamente, transformando até suas experiências mais dolorosas em algo belo e significativo do qual os outros podem se beneficiar também. Eles têm um profundo senso de “permitir” e eles são capazes de manter até mesmo os sentimentos mais dolorosos com compaixão e sensibilidade – sejam os seus próprios ou os de alguma outra pessoa.

Dinâmicas e Variações de Personalidade




Sob Stress (Quatro vai para o Dois Médio)
Quatros tentam defender seus sentimentos magoados (e ganhar atenção) retraindo-se das pessoas e sonegando sua própria afeição e atenção. Eles podem reconhecer em algum nível, entretanto, que suas tempestades emocionais e retraimento estão afastando as pessoas que mais os apóiam. Quatros então vão atrás de restabelecer suas conexões e reassegurar-se que seu relacionamento ainda está firme. Mas por estarem reagindo por stress, Quatros podem compensar em demasia tentando ganhar os outros, fazendo favores ou, mais sombriamente, por manipulação e criação de dependência, tudo como um Dois Médio a Não Saudável. Para fazer isso, eles ficam continuamente falando do estado do relacionamento com a outra pessoa e tentam se fazer mais necessários. Favores, ajuda, e relembrar os outros de seu apoio são parte do quadro. Quatros perturbados tornam-se também mais possessivos das pessoas amadas, não querendo deixá-los fora de sua vista por muito tempo, como Dois menos saudáveis.


Segurança (Quatro vai para Um Médio)
Com pessoas íntimas confiáveis, ou em situações nas quais Quatros sentem-se auto-confiantes, eles podem arriscar serem mais controladores e críticos dos outros. Sua frustração com os outros e o sentimento de decepção com a maneira como os outros estão se comportando (especialmente em relação a eles) finalmente sai à tona. Quatros podem tornar-se impacientes e críticos, demandando que as pessoas atendam seus exigentes padrões, constantemente apontando como os outros cometeram erros. Nada sobre a outra pessoa (que eles podem ter idealizado e considerado como seu tão esperado “salvador”) agora os satisfaz ou lhes dá muito prazer ou esperança. Tudo sobre a outra pessoa e sua situação se torna irritante e chato, e eles parecem não conseguir tirar os erros dessa pessoa da cabeça.


Quatros nesse estado podem também compensar suas emoções ásperas conduzindo-se em excesso, sentindo que são preguiçosos ou improdutivos se não estiverem constantemente trabalhando ou melhorando.


Integração (Quatro vai para o Um Saudável)
Á medida que Quatros tornam-se mais cientes de sua tendência de remoer e fantasiar sobre suas várias mágoas e decepções, eles também se tornam cientes do custo para si mesmos deste jeito de ser. À medida que relaxam e aceitam a si mesmos mais profundamente, eles gradualmente se tornam livres de seu constante turbilhão emocional e de sua necessidade de manter crises emocionais ou de se “mimar” como preço de consolação por não realizarem seu potencial. Gradual e naturalmente, tornam-se mais objetivos, fundamentados e práticos, como Uns saudáveis. Eles também se tornam mais realistas e capazes de operar no mundo real. Sem impor disciplinas e expectativas severas a si mesmos, Quatros em integração querem tornar-se envolvidos em questões além de si mesmos, como em trabalho comunitário, política, ambiente, ou em qualquer trabalho que valha a pena engajar suas mentes e corações. Em algum nível, eles escolhem não mais se “mimar”, mas viver dentro das restrições da realidade. Quando fazem isso, descobrem que as recompensas e os prazeres – e sua criatividade – são muito mais profundos e satisfatórios.


Os Instintos em Breve
 

Quatros Auto preservacionais: o Sensualista
Quatros auto preservacionais focam sua inveja e hipersensibilidade em suas preocupações sobre seu ambiente imediato e na sua busca por conforto físico. Tentam lidar com questões emocionais cercando-se do máximo de luxo e beleza que puderem bancar, se “mimando” com suas comidas favoritas, e dando a si mesmos “prêmios de consolação” por seu sofrimento. Eles podem estar decepcionados com uma situação no trabalho ou um relacionamento deficiente, e então ficam acordados até tarde bebendo conhaque caro e assistindo o filme favorito. Quatros auto preservacionais são particularmente sensíveis a questões de conforto – a temperatura de um aposento, a qualidade da iluminação, a umidade ou falta dela, o tempo – tudo produz respostas emocionais poderosas. Quatros auto preservacionais ficam frustrados porque o ambiente está insuficientemente em harmonia com suas necessidades pessoais. Tentativas de controlar o ambiente e “mimos” para si mesmos como comidas ricas, bebidas, drogas, ou outras sensações sensuais podem exaurir Quatros auto preservacionais, deixando-os incapazes de funcionar bem fora de seu próprio mundo estreito.


Quatros Sexuais: Paixão
Quatros sexuais focam sua inveja e hipersensibilidade em seus relacionamentos íntimos. São talvez o tipo mais emocionalmente intenso do Eneagrama, o que é tanto seu dom quanto sua potencial ruína. Eles possuem capacidade e desejo de intimidade profunda, e eles obtêm enorme compreensão da natureza humana através dos altos e baixos de sua vida romântica. Eles têm uma qualidade taciturna que pode ser atraente e misteriosa ou, em alguns momentos, surpreendentes para outros. Quatros sexuais despejam sua energia e atenção nos objetos de sua afeição, muitas vezes ficando apaixonados ou até obcecados, algumas vezes após apenas um encontro. Química sexual desencadeia sua imaginação poderosa, levando-os a criar enormes expectativas de parceiros potenciais. Quatros sexuais tendem a ser atraídos para pessoas que possuem qualidades e talentos que eles acreditam que não têm. Eles querem se completar associando-se ou fundindo-se com a pessoa estimada. Mas isso quase nunca funciona, então podem também acabar invejando e ressentindo seu parceiro romântico por não intencionalmente lembrá-los daquilo que eles acham que falta neles. De qualquer modo, Quatros sexuais atravessam enormes alterações de sentimento em relação aos amados – tudo desde idolatria até ódio desenfreado. Em geral, este tipo está ciente destes sentimentos, inclusive os sombrios, e encontra maneiras de expressá-los, ás vezes de modos autodestrutivos.



Quatros Sociais: O Forasteiro
Quatros sociais focam sua inveja e hipersensibilidade no reino social; assim, são pessoas que desejam profundamente pertencer, fazer parte de uma “turma popular”, com um estilo de vida fascinante, mas que muitas vezes temem não estar à altura disso. Quatros Sociais tendem a ser mais extrovertidos que os Quatros dos outros dois instintos e podem parecer Dois ou Setes. Quatros sociais podem ser engraçados, usando humor divertido, irônico, para passar uma idéia ou simplesmente para estimular a conversa. Eles gostam de expressar sua individualidade e senso de estilo de um modo mais público, embora sempre tentem esconder a extensão dos seus sentimentos de inadequação ou vergonha. Quatros sociais podem trabalhar duro para desenvolver uma persona pública através da qual podem comunicar as profundidades de seus sentimentos, mas essa pessoa normalmente é mais fascinante e livre do que o jeito como eles realmente se sentem. Quatros sociais estão agudamente cientes do artifício de sua persona, mas usam mesmo assim como uma maneira de encontrar algum sentido de pertencimento e envolvimento no mundo. Quando estão mais perturbados, Quatros sociais temem a humilhação social a tal grau que podem se retrair da maior parte do contato social, tornando-se isolados e reclusos. Podem também desenvolver um estilo pessoal cultivado para mostrar ao mundo o quão feridos e diferentes eles se sentem.


Fonte: http://www.enneagraminstitute.com/
Tradução: Ju


sábado, novembro 13, 2010

Tipo Oito

Tipo OITO: O Desafiador


Reconhecendo OITOS:
O Tipo Oito exemplifica o desejo de ser independente e de cuidar de si mesmo. Oitos são assertivos e apaixonados pela vida, encarando-a de frente com autoconfiança e força. Eles aprenderam a se defender sozinhos e têm uma atitude de “eu posso fazer”, cheia de recursos. Eles são determinados a ser auto-suficientes e livres para seguirem seu próprio destino. Assim, Oitos são líderes naturais: honrados, autoritários e decididos, com uma presença sólida e comandante. Eles tomam iniciativa e fazem as coisas acontecerem, protegendo e provendo para as pessoas em suas vidas, e ao mesmo tempo dando apoio moral aos outros para que possam se virar sozinhos. Eles incorporam consistência e coragem, usando seus talentos e visão para construir um mundo melhor para todos dependendo do alcance da influência.

Mais do que tudo, Oitos são pessoas de visão e ação. Eles podem pegar o que parece uma casca de um prédio inútil e arruinada, e a transformar em uma linda casa, ou escritório, ou hospital. Da mesma forma, eles vêem possibilidades nas pessoas, e eles gostam de oferecer incentivos e desafios para trazer à tona as forças das pessoas. Oitos concordam com o ditado “Dê a uma pessoa um peixe e ela comerá por um dia. Mas ensine-a como pescar, e ela poderá se alimentar pelo resto da vida.” Oitos sabem que isso é verdade porque eles já ensinaram muitas vezes a si mesmos “como pescar”. Eles têm “arranque automático” e apreciam atividade construtiva – construindo si mesmos, os outros, e seu mundo.

Oitos ocasionalmente assumem grandes desafios para ver se conseguem fazer o impossível ou fazer de uma causa sem esperança um grande sucesso. Mas geralmente eles não fazem isso a não ser que tenham certeza de que as probabilidades estejam do seu lado ou de que têm recursos para fazer o impossível e fazer parecer fácil. Outros os procuram em tempos de crise porque sabem que Oitos estão dispostos a tomarem decisões duras e a resistir quando as coisas dão errado.

Honra é algo importante para os Oitos porque sua palavra é sua obrigação. Quando eles dizem “Você tem minha palavra nisso.” eles realmente estão falando a verdade. Oitos querem ser respeitados, e Oitos saudáveis também estendem respeito aos outros, afirmando a dignidade de qualquer pessoa com que cruzam. Eles reagem fortemente quando vêem alguém sendo explorado ou sendo tratado de maneira humilhante ou degradante. Eles irão intervir e acabar com uma briga para proteger o fraco ou em desvantagem ou para “igualar o placar” por aqueles que em sua visão foram prejudicados. Similarmente, Oitos não hesitarão em dar seus lugares no trem para uma pessoa idosa ou doente, mas teriam que ser arrastados fisicamente se alguém tentasse fazê-los saírem do lugar sem o seu consentimento.

Pouca coisa sobre o Oito é indiferente. Eles têm sentimentos e impulsos poderosos, e muitas vezes têm um enorme impacto nas pessoas a sua volta – para o bem e para o mal. Oitos são mais intensos e diretos do que a maioria, e eles esperam que os outros tenham essas qualidades também. Qualquer maneira de ser indireto deixa-os loucos, e eles continuarão a pressionar e aumentar seu nível de energia até que sintam que os outros tenham respondido suficientemente.

Muitos Oitos têm algum tipo de sonho para si mesmos e seu “círculo interno”, e sendo as pessoas de mente prática que são, isso muitas vezes envolve projetos lucrativos, negócios arriscados, filantropia, e coisas assim. Eles podem começar e dirigir seu próprio negócio, ou “set someone else up in a situation” ou simplesmente jogar na loteria regularmente. Nem todos os Oitos têm muito dinheiro, mas a maioria está procurando por algum tipo de “grande chance” que lhes daria a independência, o respeito, e o senso de poder que eles tipicamente querem. Eles podem também ser altamente competitivos, apreciando os desafios e riscos de suas próprias iniciativas.

Eles trabalham duro e são pragmáticos – “ásperos individualistas”, e vão atrás de seus interesses agressivamente, sempre pensando em um novo ângulo, constantemente têm um novo projeto a caminho.

Oitos menos saudáveis podem tornar-se extremamente controladores, dando muita importância a si mesmos, sendo confrontacionais, e altamente territoriais. Eles podem responder aos outros sendo fanfarrões e voluntariosos, blefando e usando seu poder e influência de diversas maneiras. Oitos Médios são cheios de arrogância e vanglória para fazer com que os outros concordem com seus planos, desejos, e ainda que encontrem resistência, tentarão controlar e dominar as pessoas mais aberta e agressivamente. Quer estejam dirigindo uma empresa multinacional ou uma família de duas pessoas, eles querem que esteja entendido que eles estão firme e claramente no comando.

Em breve, Oitos querem ser auto-suficientes, provar sua força e independência, ser importante em seu mundo, ter um impacto em seu ambiente, ter a lealdade inquestionável de seu círculo íntimo, e estar em controle de sua situação.
Oitos não querem se sentir fracos e vulneráveis, fora de controle, serem dependentes dos outros, ter suas decisões ou autoridade questionadas por outros, perder o apoio dos outros, ou ser surpreendidos pelas ações inesperadas dos outros.

Seu Lado Oculto
Oitos apresentam uma imagem dura e independente para o mundo, mas por trás de sua vanglória e camadas de armadura, existe vulnerabilidade e medo. Oitos são afetados pelas reações daqueles mais próximos a eles muito mais do que gostam de demonstrar. Muitas vezes eles esperam que os outros não gostem deles ou os rejeitem, e por isso são profundamente tocados, até sentimentais, quando sentem que alguém de quem gostam realmente os entende e os ama. Oitos podem aprender a se endurecer contra querer ou esperar ternura, mas eles nunca são inteiramente bem sucedidos. Não importa o quão duros, até beligerantes, eles possam se tornar, seu desejo por cuidado e conexão não consegue nunca ser completamente excluído da consciência.

Questões de Relacionamento
Oitos são freqüentemente procurados como parceiros porque aparentam ser tão confiantes, capazes e fortes. Os outros se sentem seguros devido à sua consistência e sentem que o Oito oferecerá proteção e estabilidade no relacionamento. (Quando os Oitos estão saudáveis, isso é verdadeiro.) Os Oitos também transpiram muito carisma – eles têm uma tremenda energia instintiva e muitas pessoas sentem-se atraídas por sua intensidade. Entretanto, outras pessoas podem se assustar pelas mesmas qualidades nos Oitos, e quando os Oitos expressam sua energia muito fortemente, eles muitas vezes criam problemas em seus relacionamentos. Alguns dos principais pontos problemáticos incluem os seguintes:
• tornarem-se egocêntricos e sem interesse nos sentimentos e problemas do outro, por sentirem-se sobrepujados por seus próprios sentimentos;
• reagirem exageradamente ao que entendem como rejeição, retraindo-se ou perdendo a calma;
• pressionarem os outros para receber uma resposta mais “genuína”;
• tornarem-se distantes e emocionalmente indisponíveis quando incomodados;
• tornarem-se possessivos e ciumentos do parceiro;
• verem o outro como um inferior, que pode ser moldado e direcionado; não respeitando o parceiro como igual;
• demonstrando questões psicológicas difíceis em ataques de raiva, farras ou atos de vingança.

A Paixão: Luxúria
Oitos querem se sentir intensamente vivos: eles amam o senso de urgência que obtêm engajando-se inteiramente com a vida. Não têm muita paciência com respostas mornas ou ações indiferentes dos outros. Mas esse desejo de ser vigoroso e vivo pode facilmente deteriorar-se em uma necessidade de estar constantemente “empurrando contra” o mundo – e especialmente contra outras pessoas. Oitos criam o hábito de se forçarem e sua influência, aumentando a intensidade das situações para que se sintam mais reais e mais vivos. Eles ficam como uma pessoa tentando agressivamente abrir uma porta que abre silenciosamente. Infelizmente, essa abordagem da vida muitas vezes oprime as outras pessoas, que então evitam o Oito, o que pode levar a um estresse severo e até a um colapso físico do próprio Oito.

No Seu Melhor
Oitos saudáveis combinam sua força e energia naturais com a tomada de decisões ponderada e criteriosa, e uma disposição maior de estar emocionalmente aberto e disponível para os outros. Eles são amigos leais e farão qualquer sacrifício necessário para o bem-estar daqueles que amam. Eles não sentem nenhuma necessidade de testar suas vontades contra os outros: eles estão tão equilibrados e fundamentados em si mesmos que não existe necessidade de constantemente se auto-afirmarem e muito menos de controlarem qualquer outra pessoa. Assim, eles mesmos têm uma maior paz interna e podem, portanto, ser enormes fontes de apoio e força para outros. Saber que podem ser uma fonte poderosa de bênçãos nas vidas dos outros enche os Oitos com um sentimento profundo de realização e um tipo de orgulho benevolente da sua habilidade de ter um impacto positivo no mundo e nos outros.
Oitos “altamente funcionais” são verdadeiramente heróicos, aprendendo a controlar a si mesmos e à suas paixões. Eles têm um coração grande, são piedosos, tolerantes, conduzindo os outros com sua força. Corajosos e fortes, mas também gentis e humildes – dispostos a se colocar em risco pela justiça e pela lealdade. Oitos “altamente funcionais” têm a visão, compaixão e coração para serem uma tremenda influência para o bem no mundo.

Dinâmicas e Variações de Personalidade


Integração (Oito vai para Dois Saudável)
Á medida que os Oitos começam a reconhecer sua poderosa armadura emocional e vêem o quanto isso os isola desnecessariamente, eles naturalmente se tornam mais emocionalmente expressivos e generosos, como Dois “altamente funcionais”. Por trás de seu impulso por auto-proteção e independência, Oitos têm coração grande e instinto generoso. Uma vez que se sentem suficientemente seguros para baixarem sua guarda, eles descobrem o quanto gostam das pessoas e o quanto querem apoiar os outros. Resumindo, eles querem ser uma fonte de bem para o mundo e expressar seu amor – e no Dois, eles fazem isso. Como permanecem sendo Oitos, seu amor é expresso em maneiras palpáveis que realmente ajudam e apóiam as pessoas. É um amor livre de opinião, grude, ou motivos ocultos, e através dele, os Oitos encontram o senso de autorização e dignidade que eles estiveram procurando.

Oitos Sexuais: Assumindo o Controle
Oitos Sexuais são carismáticos e emocionalmente intensos: eles parecem “arder sem chama”. Esses Oitos buscam intensidade através de relacionamento, e os altos e baixos de suas vidas são muitas vezes vistos em termos de relacionamento. O Oito Sexual quer “carimbar” a pessoa amada, deixar sua marca. Estejam eles lidando com interesses românticos ou engajados em outras atividades, eles gostam da excitação do estímulo intenso e podem tornar-se viciados em adrenalina. Muitas vezes veneram as pessoas por quem estão apaixonados, mas eles podem desenvolver problemas por pensar o outro como uma criança que eles querem formar e desenvolver. Muito disso vem de querer que o parceiro seja forte o suficiente para que o Oito Sexual possa relaxar e se entregar. Assim, eles podem provocar sua pessoa amada em um esforço de testar sua força ou de construí-la. Similarmente, eles gostam de ser desafiados pelo outro, mas isso pode deteriorar em uma luta por dominância no relacionamento. Eles podem recorrer a argumentos ou disputa verbal como um modo de intensidade estimulante no relacionamento. Oitos Sexuais também podem sentir como se “possuíssem” seu parceiro íntimo – como se tivessem um direito de satisfação à hora que precisarem.

Oitos Sociais: Gosto e Camaradagem
Oitos Sociais gostam de “viver extravagantemente”, e como o nome sugere, engajar-se inteiramente com o mundo. Amizade e lealdade são valores principais para eles, e eles estão dispostos a fazer grandes sacrifícios pelas pessoas e causas com que se importam. Ao mesmo tempo, esperam que os outros com quem tenham se ligado sejam igualmente leais com eles. (Nesse aspecto, podem assemelhar-se aos Seis, embora sua energia seja maior e mais direta que a dos Seis) Muitas vezes, Oitos Sociais reunirão um grupo de amigos em volta deles, agindo, não oficialmente, como o presidente do grupo – o “rei” ou “rainha”. Eles gostam de conversas sobre esportes, política, rock, ou os últimos acontecimentos de sua novela favorita – qualquer assunto sobre o qual eles possam declarar opiniões ousadamente e debater. Oitos Sociais gostam da provocação e energia de um desacordo sobre esses assuntos, e ficam muitas vezes surpresos ao saber que outras pessoas podem ficar magoadas ou oprimidas pela força de suas opiniões. Nesses momentos, eles podem tentar “baixar seu tom”, mas eles normalmente acham isso um acerto desconfortável. Com mais freqüência, eles buscam amigos que eles vêem como fortes e independentes, que agüentam um pouco de aspereza e não serão oprimidos por eles. Oitos Sociais menos saudáveis têm problemas em fazer promessas às pessoas que eles nem sempre podem cumprir. Enganar os outros e exagerar situações podem fazer parte do contexto.

Fonte: http://www.enneagraminstitute.com/
Tradução: Ju

Tipo Cinco

Tipo CINCO: O Investigador

Reconhecendo CINCOS:

O Tipo Cinco exemplifica o desejo humano de entender, de olhar abaixo da superfície das coisas, e de chegar a um conhecimento mais profundo da realidade. Cincos preferem a vida da mente, tanto como uma maneira de entender o mundo e – dado o poder ilimitado da imaginação – como uma maneira de escapar de aspectos da realidade. Não seria forçado dizer que para muitos Cincos, o mundo interno da mente e da imaginação é mais real e vívido que o mundo externo. Cincos tendem a ter uma experiência e depois passar várias horas, dias – até anos – entendendo-a e seu contexto mais amplo. Cincos são também altamente inovadores e inventivos. Eles amam brincar com conceitos, derrubando as maneiras aceitas de fazer as coisas. Isso pode produzir trabalhos e descobertas
extremamente valiosos, práticos e originais, ou simplesmente entretê-los por muitas horas sem resultados práticos.

Cincos são realmente os mais independentes e idiossincráticos dos tipos de personalidade, as pessoas que poderiam ser mais apropriadamente chamadas de “solitário” ou “excluído”. São as pessoas que realmente “marcham em um ritmo diferente”, seguindo seus interesses e curiosidades a qualquer lugar que suas investigações possam levá-los. Alguns Cincos podem parecer completamente estranhos para as pessoas, enquanto outros mantêm sua “estranheza” mais abaixo da superfície. Em ambos os casos, Cincos são intensamente determinados a seguir as questões e idéias que os fascinam: tanto que relacionamentos e considerações financeiras podem tornar-se sem importância para eles.

Essas qualidades resultam de uma habilidade extraordinária de focalizar sua atenção.



Cincos ficarão com um problema ou uma questão que os fascina até que ela seja resolvida, ou até que descubram que ela é insolúvel. Tédio lhes é inimaginável, pois existem tantas coisas fascinantes para explorar, entender e imaginar. O lado negativo é que a sua capacidade de concentração permite que eles fiquem profundamente absorvidos em seus complexos mundos internos, algumas vezes ao ponto de esquecerem o mundo ao seu redor ou até de cuidarem de si mesmos.

Assim, Cincos podem se envolver no trabalho, leitura, ou em seus próprios pensamentos com tal profundidade que freqüentemente estão atrasados para reuniões e não escutam ligações telefônicas. Eles se esquecem de comer ou de cuidar-se fisicamente de modo adequado. Eles podem viver de refrigerantes e doces, ou ficarem acordados a noite toda escrevendo uma história ou tentando resolver um problema interessante. Eles podem ficar debruçados no computador por horas, ou desaparecer nas pilhas de livros da biblioteca local, apenas para emergir 5 minutos antes do fechamento com os braços cheios de livros enquanto vão em direção à próxima cafeteria para continuar a ler.

Mas isso não significa que Cincos sempre querem estar sozinhos ou que eles não possam ser excelente companhia quando estão com outras pessoas. Quando Cincos encontram alguém cuja inteligência e interesse eles respeitam, eles são invariavelmente conversadores e sociáveis. Cincos amam dividir seus conhecimentos e perícia com qualquer um que aprecie o que eles têm para dizer. Eles também gostam de dividir seus achados com outros, e suas observações das contradições e absurdos da vida são freqüentemente servidas com um senso de humor excêntrico.

O Cinco pode ser o mais enriquecedor dos amigos, já que são uma mina de ouro de informações, especulações e opiniões, e idéias intensamente sentidas. Mas eles também podem ser o mais impenetrável dos enigmas, uma mente eriçada com energia e inteligência que sinaliza “Fique longe! Deixe-me sozinha para seguir meus pensamentos onde quer que eles me levem!”.



Cincos são o tipo de pessoa que os outros normalmente acham estranha, esquisita, e intrigante – sempre tem mais coisa acontecendo do que os olhos podem ver.

Em resumo, Cincos querem entender a realidade, possuir conhecimento, encontrar para si mesmos um nicho que outros ainda não tenham explorado, ser livre para explorar seus próprios mundos internos, ter isolamento e tempo suficiente para seus projetos, sentir-se confiante e capaz, e abalar as certezas inquestionadas dos outros. 

Cincos não querem sentir-se desinformados ou incapazes, ter sua competência questionada, aceitar respostas fáceis, ser invadido (ou “dirigido”), ser forçado a reagir antes de se sentir pronto, sofrer com a ignorância de outros, ou pedir ajuda.

Seu Lado Oculto
Dia após dia, mesmo os Cincos mais hábeis socialmente passam mais tempo sozinhos do que qualquer outro tipo. Todavia, Cincos precisam de companhia e conexão assim como todos os seres humanos. O problema é que os Cincos temem precisar do afeto e calor dos outros. É como se eles sentissem que pedir aos outros por qualquer coisa é arriscar uma maior imposição em sua própria liberdade e independência. Eles também acreditam que suas próprias necessidades são tão intensas que se algum dia elas fossem expressas ou até mesmo reconhecidas, seriam demais para os outros. Em alguns casos, eles podem até acreditar que suas necessidades causariam danos aos outros. No fundo, tudo que Cincos realmente querem é encontrar alguém seguro para se conectarem, mas temem que fazê-lo irá custar-lhes qualquer que seja o grau de competência e autoconfiança que eles tenham conquistado. Se Cincos incomodados sentem que sua área de mestria ou sua independência estão em risco, eles podem se retirar de um relacionamento – mesmo se eles realmente amam a pessoa que eles estão deixando.



Questões de Relacionamento
De todos os tipos, Cincos parecem ser mais capazes de viver sem relacionamentos significantes. Mas isso não significa que eles não querem um, apenas que eles geralmente são relutantes em comprometer muito sua abordagem de vida focalizada por um relacionamento. Quando eles encontram alguém que entende seu mundo, que aprecia seus interesses, e que ele respeita, Cincos são amigos, parceiros e amantes leais e apaixonados. Eles podem ser companhias fascinantes que estão constantemente introduzindo novas idéias para seus amigos e parceiros. Podem ser engraçados, afetuosos e altamente sexuais, mas eles não entram facilmente em relacionamentos. Eles permanecem em um equilíbrio inquieto entre o desejo por isolamento e o desejo por conexão significativa. Questões de relacionamento dos Cincos incluem as seguintes:
• Freqüentemente se sentem invadidos e, portanto, muita privacidade e muito tempo sozinho;
• Muitas vezes se sentem rejeitados, e recuam em relação às pessoas;
• Se sentem oprimidos pelas necessidades emocionais dos outros;
• Não expressam seus sentimentos ou dão apenas algumas “dicas” verbais ou não verbais parecendo, deste modo, reservados demais para as outras pessoas;
• Antagonizam ou minam a calma ou as crenças dos outros;
• Cortam contato com as pessoas, retirando-se em isolamento profundo, sentindo que são “venenosos” ou ruins para as pessoas.

A Paixão: Avareza (ou Acumulação)
Abaixo da imagem aparente de competência intelectual que Cincos apresentam para o mundo, esse tipo se sente pequeno e desamparado. Eles sentem-se como se não houvesse o suficiente deles mesmos para todo mundo e que as necessidades dos outros poderiam facilmente esgotá-los. Assim, Cincos procuram minimizar suas interações com outros e com o ambiente e agarrar-se a qualquer que sejam os recursos básicos que eles pensam que precisarão para “se virarem sozinhos”.



areza não é a avidez dos gulosos Setes; antes, é a falta de habilidade em ser aberto e generoso com si mesmo por medo de não ser suficiente. Outra maneira como a avareza é expressa em Cincos é no desejo de memorizar experiências e conhecimento. Cincos tentam segurar qualquer fragmento de informação potencialmente importante que eles tenham encontrado em suas mentes, acreditando que eventualmente eles saberão o suficiente para sentirem-se confiantes e capazes de lidar com qualquer situação possível.

Cincos saudáveis observam tudo com acuidade e discernimento extraordinários. Possuindo uma inteligência penetrante, eles têm a mente altamente curiosa e alerta: não deixam passar quase nada. Cincos saudáveis são capazes de se concentrar profundamente e muitas vezes notam coisas que outras pessoas provavelmente passariam reto, ou não tomariam como importantes. Eles exploram a realidade com um senso de admiração de criança e gostam de encontrar novas maneiras de perceber e fazer as coisas. Eles gostam de fazer perguntas, e com Cincos saudáveis, elas são freqüentemente as perguntas certas. Eles gostam de aprender e ficam animados pelo conhecimento, o que freqüentemente os leva a tornarem-se experts em algum campo. Devido a seu foco e atenção, Cincos saudáveis alcançam mestria do que quer que seja que os interesse.

No Seu Melhor
Cincos “altamente funcionais” tornam-se visionários e inventores, compreendendo amplamente o mundo e ao mesmo tempo penetrando-o profundamente. Eles têm a mente notavelmente aberta, entendendo as coisas precisamente e como um todo. Eles começam a sentir uma conexão profunda com os outros seres humanos e com o universo, e muitas vezes dedicam-se a usar suas habilidades para aliviar o sofrimento e a ignorância humanos. Eles podem contribuir com descobertas pioneiras de algo inteiramente novo para o enriquecimento da humanidade.



No seu melhor, Cincos combinam a sabedoria e o discernimento de suas mentes com coração e coragem de modos que realmente trazem algo novo e valioso para o mundo.


Dinâmicas e Variações de Personalidade


Sob Stress (Cinco vai para o Sete Médio)
Cincos normalmente lidam com dificuldades recuando para suas mentes, onde eles se sentem mais confiantes e no controle. Mas Cincos não podem recuar indefinidamente, e eventualmente eles precisam de estimulação e interação. Cincos também tendem a ser nervosos e tensos, então quando não existe saída para sua energia nervosa, ela se acumula, eventualmente se expressando em inquietação e hiperatividade. (Cincos podem ficar literalmente “sem descanso” – e freqüentemente desenvolvem insônia.) A ansiedade faz com que suas mentes superaqueçam, e pulem de um pensamento para o próximo. Muito do seu foco característico se torna disperso. Depois de ficar sozinho e concentrado por tanto tempo, eles começam a compensar fazendo atividades em excesso e mudando rapidamente de uma idéia ou experiência promissora para outra. Eles se tornam como uma pessoa faminta em um banquete, e seu comportamento disperso e hiperativo pode parecer com o de um Sete médio. Nesses momentos, Cincos normalmente quietos podem tornar-se muito tagarelas, impulsivos e irresponsáveis. Sua ansiedade adjacente é demonstrada em um comportamento compulsivo e até maníaco, de modos semelhantes à de Setes pouco saudáveis.

Segurança (Cinco vai para o Oito Médio)
Na maior parte das vezes, se os Cincos sentem que estão sendo invadidos ou a vontade dos outros está sendo imposta sobre eles, irão simplesmente se retirar silenciosamente se puderem ou se fechar em um silêncio desapegado e desdenhoso. Entretanto, com pessoas ou situações com as quais eles têm mais confiança, Cincos podem de repente arriscar-se a se comportar como um Oito médio, declarando energicamente seus limites e confrontando qualquer um ou qualquer coisa que os desagradar.



Eles se tornam irritáveis, argumentativos, e incansavelmente provocativos. Nessa circunstância, eles tomam uma posição dura, avisando a todos que não pode ser feito de bobo, mas de maneiras que muitas vezes fazem com que as pessoas reajam contra eles. Eles podem tornar-se dominadores, até agressivos, e ao mesmo tempo questionadores da competência dos outros.

Integração (Cinco vai para Oito Saudável)
Á medida que Cincos começam a entender o custo emocional do seu isolamento auto-imposto, eles começam a arriscar um contato mais profundo e completo consigo mesmo e com o mundo. Eles se tornam mais fundamentados, mais em contato com seus corpos e com sua energia vital, dando a eles mais confiança e solidez. À medida que esse processo se aprofunda, Cincos que estão se integrando naturalmente começam a expressar muitas qualidades do Oito saudável: eles demonstram liderança, coragem, sabedoria prática, e disposição em assumir responsabilidades. Eles vão de se sentir pequenos e impotentes para sentir-se fundamentados e capazes. Seu conhecimento e discernimento estão, então, a serviço de necessidades objetivas em seu mundo, e eles são procurados pelos outros como fontes de sabedoria, compaixão e força tranqüila.



Os Instintos

Cincos Auto-Preservacionais: Isolamento

Cincos auto-preservacionais são os Cincos mais introvertidos – os Cincos que mais provavelmente buscarão longos períodos de privacidade e solidão. O acúmulo do Cinco é focado nas áreas de recursos práticos, abrigo, e espaço pessoal. Cincos auto-pres. tentam descobrir com quão poucas necessidades de auto preservação eles conseguem subsistir, provavelmente concordando com a afirmação de Thoreau de que “Um homem é rico em proporção com aquilo que ele pode ficar sem.” São pessoas intensamente privadas, que parecem exigir poucos confortos, mesmo se tiverem uma riqueza pessoa substancial. Até certo ponto, eles apreciam a companhia de pessoas que eles confiam e gostam de dividir seu conhecimento com as pessoas. Também se pode contar com eles para seu senso de humor estranho e bizarro. Apesar de tudo, Cincos Auto-pres. precisam de muito tempo sozinhos para regenerar sua energia. Muitos escolhem viver sozinhos, ou se estão em uma parceria, exigem espaço pessoal (como um escritório ou um canto no porão) no qual outras pessoas, mesmo as que ele ama, não podem entrar. Eles também tendem a acumular objetos pessoais, estocando suas casas como castelos se preparando para um cerco. Apesar de poderem gostar e admirar outras pessoas, eles tentam manter seus relacionamentos poucos e simples, para que possam assim focalizar no que os interessa.



Cincos Sexuais: Esse é meu mundo
Cincos Sexuais focalizam seu acúmulo na área de relacionamentos íntimos. A combinação de instinto e tipo está em desigualdade aqui: a defesa do Cinco é recuar, enquanto o instinto sexual demanda intimidade e conexão. A maioria dos Cincos Sexuais vive em uma trégua desconfortável entre essas influências polares, mas eles buscam resolver essa tensão convidando lentamente potenciais amigos íntimos para seu próprio mundo secreto. Cincos Sexuais são primeiramente focalizados em sua imaginação, mas eles acreditam que a maior parte das pessoas acharia seus pensamentos e suas preocupações misteriosas e até mesmo assustadoras. No mínimo, têm certeza que os outros os achariam estranhos ou excêntricos. Apesar disso, eles querem dividir suas percepções e mundos ocultos e secretamente tem esperança de ter uma conexão profunda com uma única alma, um parceiro para a vida, que possa entendê-los e suas visões às vezes bizarras da realidade. Intimidade para eles implica encontrar outra pessoa que irá explorar os panoramas surreais de seu mundo interno. Eles também buscam em seu parceiro certo grau de ajuda para lidar com pessoas e com os negócios da vida. Eles esperam que seu parceiro interfira por eles e lhes dê confiança para navegar no mundo externo. Se Cincos Sexuais são desapontados no amor, eles podem recuar e se manterem desligados por longos períodos de tempo, até mesmo anos.



Cincos Sociais: O Especialista
Cincos Sociais focalizam sua avareza e acúmulo na esfera social, o que significa que eles socializam através de suas áreas particulares de domínio. Cincos se esforçam para dominar alguma habilidade ou corpo de conhecimento, e eles se relacionam com outros primeiramente através dessa área de mestria. Como os tipos sociais, os Cincos Sociais ficam mais confortáveis interagindo com as pessoas, mas seu esforço é largamente dependente de ter um contexto para estar em uma situação social. Eles precisam de uma tarefa ou função particular que lhes dá a confiança para interagir com as pessoas (por ex, ser o DJ em uma festa, ou ter um tópico de discussão específico em um evento social). Eles gostam de falar intensamente com outras pessoas que compartilham seus (algumas vezes esotéricos) interesses – seja pessoalmente ou pela internet. Cincos Sociais sentem que sua mestria é o que eles podem “trazer para a mesa”, já que eles tomam como tarefa aprender coisas de que outros podem precisar. Embora geralmente quietos, Cincos Sociais podem tornar-se conversadores se sua área de conhecimento é o tópico de conversa – tudo desde computação até trivia sobre filmes ou revista em quadrinhos está valendo. Cincos Sociais menos saudáveis podem se tornar elitistas, sentindo que os outros não são inteligentes o suficiente para entender seus pensamentos ou sua conversa. Eles podem também ser impetuosamente argumentativos, perdendo conexões sociais por reativamente provar que as idéias dos outros são inadequadas.



Fonte: http://www.enneagraminstitute.com/
Tradução: Ju

quinta-feira, junho 24, 2010

Definições dos Nove Traços ou Defeitos Principais segundo Gurdjieff



Após analisar detidamente os Traços ou Defeitos Principais definidos por Gurdjieff e confrontá-los com os que outros pesquisadores do Eneagrama destacam, baseados nas descobertas de Ichazo, consegui isolar todas as definições com as quais ele os "retratava" tão magistralmente. Novamente os livros Fragmentos de um ensinamento desconhecido e Gurdjieff fala a seus alunos foram fundamentais para realizar essa pesquisa. Vejamos por Grupos.


Traços Principais dos Tipos 8, 9 e 1 (Centro do Movimento-Questão Nuclear: Esquecimento de Si Mesmos)

Tipos 8
"Existem diversas espécies de consideração. Na maior parte dos casos, o homem se identifica com o que os outros pensam dele, com a maneira com a qual o tratam, com sua atitude para com ele [...] pensa sempre que as pessoas não o apreciam o suficiente [...] Tudo isso o aborrece, o preocupa, o torna desconfiado; desperdiça em conjecturas ou em suposições enorme quantidade de energia; desenvolve nele, assim, uma atitude desconfiada e hostil para com os outros. Como olharam para ele, o que pensam dele, o que disseram dele, tudo isso assume a seus olhos enorme importância. E considera não só as pessoas, mas a sociedade e as condições históricas. Tudo o que desagrada a tal homem lhe parece injusto, ilegítimo, falso e ilógico. E o ponto de partida de seu julgamento é sempre que as coisas podem e devem ser modificadas. A 'injustiça' é uma dessas palavras que servem freqüentemente de máscara a [este tipo de] 'consideração' [interna]. "

Tipos 9
"[...] Sem auxílio exterior, um homem nunca pode se ver. Por que é assim? Lembrem-se. Dissemos que a observação de si conduz à constatação de que o homem se esquece de si mesmo sem cessar. Sua impotência em lembrar-se de si é um dos traços mais característicos de seu ser e a verdadeira causa de todo o seu comportamento. Essa impotência manifesta-se de mil maneiras. Não se lembra de suas decisões, não se lembra da palavra que deu a si mesmo, não se lembra do que disse ou sentiu há um mês, uma semana ou um dia ou apenas uma hora. Começa um trabalho e logo esquece por que o empreendeu, e é no trabalho sobre si que esse fenômeno se produz com especial freqüência."

Tipos 1:
"Outro exemplo, talvez pior ainda, é o do homem que considera que na sua opinião, 'deveria' fazer algo, quando na realidade, não tem que fazer absolutamente nada. 'Dever' e 'Não dever' é um problema difícil; em outras palavras, é difícil compreender quando um homem realmente 'deve' e quando 'não deve' (fazer algo)."

Traços Principais dos Tipos 2, 3 e 4 (Centro Emocional-Questão Nuclear: Identificação)

Tipos 2:
"Há duas espécies de amor. Um é o amor escravo. O outro deve ser adquirido pelo trabalho sobre si. O primeiro não tem valor algum; só o segundo, o amor que é fruto de um trabalho interno, tem valor. É o amor de que todas as religiões falam. Se você amar, quando 'isso' [a máscara] ama, esse amor não depende de você e não haverá nenhum mérito nisso. É o que chamamos 'amor de escravo'. Você ama até mesmo quando não deveria amar. As circunstâncias fazem-no amar mecanicamente [...]"

Tipos 3:
"Sugiro que cada um faça a si mesmo a pergunta 'Quem sou eu?' Estou certo de que 95% de vocês ficarão perturbados... Isso prova que um homem viveu toda a sua vida sem se fazer essa pergunta e considera perfeitamente normal que ele seja 'algo', e até mesmo algo muito precioso, algo que jamais pôs em dúvida. Ao mesmo tempo, é incapaz de explicar a outra pessoa o que esse algo é, incapaz de dar a menor idéia desse algo, porque ele próprio não o sabe. E se não sabe, não será simplesmente porque esse algo não existe, mas apenas se supõe existir? Não é estranho que fechem os olhos, com tão tola complacência, ao que realmente são, e passem a vida na agradável convicção de que representam algo precioso? Esquecem de ver o vazio insuportável por trás da soberba fachada criada por seu auto-engano e não se dão conta de que essa fachada só tem um valor puramente convencional. "
Ouspensky lembra que alguém perguntou: "O que é que não compreendemos?" E Gurdjieff respondeu: "Estão de tal modo habituados a mentir, tanto a si mesmos como aos outros, que não encontram nem palavras nem pensamentos, quando querem dizer a verdade. Dizer a verdade sobre si mesmo é muito difícil. Antes de dizê-la, deve-se conhecê-la. Ora, não sabem nem mesmo em que ela consiste [...]."

Tipos 4:
"Qual o papel do sofrimento no desenvolvimento de si?" Ele respondeu: "Existem duas classes de sofrimento: consciente e inconsciente. Somente um tolo sofre inconscientemente. Na vida existem dois rios, duas direções. No primeiro rio, a lei é somente para o rio, não para as gotas d'água. Nós somos as gotas. Num momento uma gota está na superfície, num outro momento está no fundo. O sofrimento depende da sua posição. No primeiro rio, o sofrimento é completamente inútil, porque é acidental e inconsciente. Paralelo a esse rio tem um outro. Neste outro rio existe outra classe de sofrimento. A gota do primeiro rio tem a possibilidade de passar ao segundo. 'Hoje' a gota sofre porque 'ontem' não sofreu o suficiente. Aqui opera a Lei de Retribuição. A gota também pode sofrer por antecipação, tarde ou cedo tudo se paga. Para o Cosmo o tempo não existe. O sofrimento pode ser voluntário e somente o sofrimento voluntário tem valor. A gente pode sofrer simplesmente porque se sente infeliz. Ou pode sofrer por 'ontem' para preparar-se para o 'amanhã'. Repito: somente o sofrimento voluntário tem valor. "

Traços Principais dos Tipos 5, 6 e 7 (Centro Intelectual-Questão Nuclear: Consideração Interna)

Tipos 5:
"É impossível lembrar-se de si mesmo. E não podemos nos lembrar, porque queremos viver unicamente pelo mental... Talvez vocês se lembrem do que dissemos do homem: nós o comparamos a uma atrelagem com um amo [o Ser], um cocheiro [Centro Intelectual], um cavalo [Centro Emocional] e uma carruagem [Centro do Movimento]. Não podemos nem falar do amo pois ele não está presente; de modo que só podemos falar do cocheiro. Nosso mental é o cocheiro... Todos os interesses que temos em relação à mudança, à transformação de nós mesmos pertencem apenas ao cocheiro, quer dizer, são unicamente de ordem mental... A transformação não se obtém pelo mental; se for pelo mental, não tem nenhuma utilidade. Por essa razão devemos ensinar, e aprender, não por meio do mental, mas do sentimento e do corpo... Naqueles que estão aqui se levantou acidentalmente um desejo de chegar a algo, de mudar alguma coisa. Mas apenas no mental. E nada mudou ainda neles. Não passa de uma idéia que têm na cabeça e cada um permanece o que era. Mesmo aquele que trabalhasse mentalmente durante dez anos, que estudasse dia e noite, que se lembrasse mentalmente e lutasse, mesmo esse não realizaria nada útil ou real, porque mentalmente nada há para mudar. O que deve mudar é a disposição do cavalo. O desejo deve estar no cavalo e a capacidade na carruagem. Mas como já dissemos, a dificuldade é que, devido à má educação moderna, a falta de relação entre nosso corpo (carruagem), nosso sentimento (cavalo) e nosso mental (cocheiro) não foi reconhecida desde a infância, e a maioria das pessoas está tão deformada que não há mais linguagem comum entre uma parte e outra..."

Tipos 6:
"O homem, às vezes, se perde em pensamentos obsessivos, que voltam e tornam a voltar em relação ao mesmo objeto, às mesmas coisas desagradáveis que imagina, e que não apenas não ocorrerão, mas, de fato, não podem ocorrer. Esses pressentimentos de aborrecimentos, doença, perdas, situações embaraçosas se apoderam muitas vezes de um homem a tal ponto, que assumem a forma de sonhos despertos. As pessoas deixam de ver e ouvir o que realmente acontece, e, se alguém conseguir provar a elas, num caso preciso, que seus pressentimentos e medos são infundados, elas chegam a sentir certa decepção, como se tivessem sido frustradas de uma perspectiva agradável...
O medo inconsciente é um aspecto muito característico do sono...
As pessoas não suspeitam até que ponto estão em poder do medo. Esse medo não é fácil de definir. Na maioria dos casos, é o medo de situações embaraçosas, o medo do que o outro pode pensar. Às vezes o medo se torna quase uma obsessão maníaca. "

Tipos 7:
"O homem, bem no seu íntimo, 'exige' que todo mundo o tome por alguém notável, a quem todos deveriam constantemente testemunhar respeito, estima e admiração por sua inteligência, por sua beleza, sua habilidade, seu humor, sua presença de espírito, sua originalidade e todas as suas outras qualidades. Essas 'exigências', por sua vez, baseiam-se na noção completamente fantasiosa que as pessoas têm de si mesmas, o que acontece com muita freqüência, mesmo com pessoas de aparência muito modesta [...]."

Fonte: Eneagrama dos Traços ou Defeitos Principais de acordo 
com os Nove "Retratos Psicológicos" de Gurdjieff

sexta-feira, junho 04, 2010

ENEATIPO VI. AMOR SUBMISSO E AMOR PATERNALISTA

      Falta-nos apenas considerar as perturbações da vida amorosa do medroso. Falar de medo é
falar de desconfiança, e existe incompatibilidade entre a desconfiança e o amor – porque falar de
desconfiança é falar de sentir-se ante um possível inimigo, e não é fácil amar os inimigos.
      Se há temor, e porque o temor exige estar em guarda, teme-se a entrega. Teme ser
enganado, submetido, humilhado, controlado; e isto leva também ao autocontrole e à inibição da
corrente da vida em vista de uma excessiva necessidade de proteção.
      Não menos importante que tudo isto é, no entanto, a contaminação do amoroso com as
motivações autoritárias que caracterizam este tipo de personalidade. Digo “motivações”, no plural,
para abarcar com o termo tanto a paixão de mandar como a mais comum paixão de obedecer – ou,
melhor, de ter uma autoridade para seguir.
      Ainda que na apresentação que fiz dos caracteres não assinalei as três variedades de cada
um deles segundo a  protoanálise, faz-se necessário, no caso dos autoritários-suspicazes que
constituem nosso EVI, diferenciar aqueles demasiado inclinados ao culto de heróis, daqueles que
tendem à grandiosidade e a uma visão heróica de si mesmos. No primeiro caso, trata-se de pessoas
muito dependentes, para quem a angústia de escolher e a insegurança com respeito a suas próprias
capacidades os leva a uma excessiva necessidade de pai. No segundo, aqueles que, em rivalidade
com seu próprio pai (às vezes em corpo de mãe) assumem a autoridade e se elevam em relação
aos demais esperando sua subordinação. Assim como a angústia dos primeiros se acalma ao
encontrar protetores, tranqüiliza aos segundos sentirem-se  poderosos e obedecidos – como mostra
uma caricatura de Hitler: ante uma imensa assembléia, rodeado por seu estado maior, em um
estádio em que se ergue uma grande suástica, abre seu discurso dizendo: “Creio poder dizer sem
medo de equivocar-me...”
      É de interesse saber que Hitler, mal-tratado por seu pai quando criança, desenvolveu a
intenção de dar um bom pai ao seu país. Os exemplos extremos (assim como o exagero da
caricatura) nos ajudam a compreender o mais sutil, como no caso de muitos que vão pela vida
oferecendo-se como pais aos necessitados de autoridade. Para alguém que gosta de mandar, a
obediência é uma declaração de amor, para conseguir filhos obedientes, não obstante, terá que se
oferecer como pai benevolente, como o lobo vestido de ovelha na fábula.
      No entanto, não é mais amoroso que o rol de pai o rol de filho, e a maioria dos covardes
passam a vida como orfãozinhos, buscando a proteção de alguém mais forte. Sua posição poderia
traduzir-se em um intercâmbio de admiração e reconhecimento. “Aceita-me como filho e te darei
minha devoção filial”.
      Não é que não existam diferenças de estatura na mente como no corpo, e não é que numa
relação determinada esteja bem que um ou outro tome certo tipo de decisões; porém não é
igualmente certo que a maior parte das pessoas é incapaz de relações fraternais igualitárias? É esta
a perturbação do amor que surge em resposta ao medo, e que é característica das pessoas em cuja
personalidade ele é central. Assim como alguns vão pela vida demasiado orfãozinhos buscando
proteção, existem outros que vão demasiado “paternalisticamente”. Um seduz pela inofensividade; o
outro oferecendo orientação e seu conhecimento de certas verdades. Trata-se, pois, de um pai que
diz como são as coisas, que se apaixona em ser um mestre, e que pede adesão, fidelidade e
obediência não só com os atos, mas também na maneira de ver.
      Independente de ser um problema a desconfiança ou a excessiva entrega a partir de um
sentimento de obrigação ou dever temeroso, existe o problema da ambivalência: existem amor e
ódio; confiança e desconfiança; domínio e, outras vezes, submissão – e uma contínua pergunta
acerca de qual seja o sentimento verdadeiro ou a atitude certa.  Penso que quando Freud definiu a maturidade como um deixar para trás a ambivalência
infantil, disse algo de validade universal, porém especialmente descritivo da situação do EVI, para
quem chegar a amar é destituir-se do ódio inerente à sua situação de inimizade frente a um mundo
fantasmagórico.
      Além da presença da agressão no ambivalente mundo do temeroso, o amor dificulta seu
caráter acusatório que pode fazer-se torturador.
      Não se pode falar de amor a alguém quando se tem a posição autocondenadora
característica da psiquis do EVI. Falta amor pela própria criança interior nesta psiquis que funciona a
partir do controle – enaltecendo o dever – mais que a partir do desejo. Pode-se dizer que,
acusatoriamente, o temeroso se endemoniza: um demônio interior aponta para fora de si dizendo “lá
está o demônio” e os principais acusados são a espontaneidade e o corpo. Tudo tem que passar
pelo controle consciente, porque implicitamente se pensa (na linha de Freud) que se tem um fundo
monstruoso que, se liberado seria algo horrível e incompatível com a vida civilizada.
      No tocante às relações de casal e ao mundo social, aparecem o medo e a agressão em
contínuo intercâmbio. Teme-se a espontaneidade como se fosse agressão e a repressão engendra
agressão verdadeira. Seguramente a quantia de agressão em nosso mundo é, em parte, reflexo da
grande proeminência do caráter EVI em seu seio.
      Com respeito ao mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas, pode parecer que os
EVI não são culpáveis como o são em sua falta para com os outros dois amores. Existe uma
tendência religiosa, uma tendência ao arquetípico, ao mundo ideal, que às vezes se torna um
substituto de valor no mundo da ação, como sugere esta história de Nasruddin na qual um alfaiate
diz que vai entregar um traje para certa festa “se Deus quiser”. O cliente lhe pergunta: “E quando
seria se deixarmos Deus fora do assunto?”. Também o religioso substitui o aspecto emocional
interpessoal. Basta pensar no amor de tantos nazistas por sua mitologia, seus clássicos e a grande
música, em uma atitude segundo a qual “meu Deus é maior que teu Deus, minha cultura é maior que
a tua” ou “estou mais próximo da grandeza que tu”.
      O indivíduo sente-se endeusado pela proximidade a seu Deus, porém nisto existe algo
dessa paixão de endeusamento que é parte do sistema paranóide. Nele a busca de amor se
transforma em anseio de poder, que é por sua vez desejo de identificar-se com o pai poderoso.
Canetti o ilustra em seu personagem que ruge do alto do Sinai com grande juba. De forma
paternalista quer confundir o outro (e seguramente se confunde) em interpretar, como amor aos
demais, sua paixão de lhes impor a verdade segundo o Livro dos Livros. É assim como o amor a
ideologias ou a personagens quase divinos se sente  próximo ao amor a Deus, porém trata-se de
uma espécie de narcisismo vicário; como uma criança que diz à outra de sua idade “meu pai é maior
que teu pai, olhe como é grande o meu pai”.
  

quarta-feira, junho 02, 2010

ENEATIPO III. AMOR NARCISISTA

      Enquanto me pergunto como ou o que é o amor-vão, evoco uma cena de um antigo filme 
sobre as mulheres de Henrique VIII em que uma de suas amantes irrompe na sala do palácio no 
mesmo momento em que o verdugo se dispõe a cortar a cabeça de sua predecessora. Vai 
perguntar-lhe qual é o vestido que deve usar esta noite. O que sobressai na cena  é a monstruosa 
desconexão de um mínimo laço amoroso por sua rival, absorta como está em seu próprio prazer. 
Porém não se trata de um prazer propriamente dito, mas de um produto deserotizado do eros: a 
paixão por sua aparência. 
      Que a vaidade seja um produto da degradação do amor, recorda-me particularmente o 
sonho de uma mulher de caráter vaidoso no qual, em meio a uma grande conflagração mundial, só 
queria que a levassem para comprar um vestido, dando claras mostras de que não lhe interessava o 
que estava acontecendo. Sente-se na cena como uma menininha que quer a si mesma e deseja que 
a queiram por esta distinção. 
      Tal preocupação com a imagem chama-se comumente “narcisismo”, e por isto se poderia 
falar do amor do vaidoso como um amor narcisista. Ainda que o termo “narcisista” tenha sido 
aplicado a diversos tipos humanos, e o interesse por roupas, cosméticos e aparência pessoal seja 
somente uma das manifestações do narcisismo próprio do eneatipo III, tão freqüente como a 
imagem de si como pessoa competente, como alguém que pode fazer, e tem capacidades. 
Antecipando-me um pouco ao tema do capítulo final (sobre os males da sociedade) direi que o 
competitivo afã de eficiência asfixia a própria capacidade amorosa e torna irrelevante a alheia. Uma 
breve historieta de Quino o expressa muito bem: vê-se num primeiro quadro, alguém como um 
empresário, sentado em seu escritório, lendo uma passagem do evangelho que diz que “é mais fácil 
um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. Na imagem 
seguinte, ele aparece telefonando para o Museu de História Natural do Cairo para informar-se das 
dimensões de um camelo. Em seguida, encarrega sua secretária de fazer uma chamada para a 
metalúrgica Krupp… somos narcisistas tanto quanto vendemos nossas almas pela glória – uma 
entidade que só existe no olho alheio. É paradoxal que um aparente amor a si mesmo (indulgência 
quanto ao próprio desejo tipo menininha que quer que lhe comprem um vestido) conviva com uma 
incapacidade de valorizar a si mesmo. A própria valorização faz-se dependente de um espectador
que aprova, quer e distingue ou, mais exatamente, a valorização do mundo torna-se um paliativo 
que distrai da vivência de vacuidade, artificialidade e perda de identidade. 
      Trabalhar para a própria imagem distrai de trabalhar para si, e do mesmo modo constitui 
uma anteposição ao natural e espontâneo resultando em uma boa capacidade de controle sobre os 
próprios atos. Porém um excessivo autodomínio supõe um obstáculo para a capacidade amorosa, 
pois implica em uma não-capacidade de entrega. Tão acentuada está a valorização do controle que 
empalidece a do amor, que pode ser sentido como algo secundário em relação ao trabalho ou ao 
êxito, algo sentimental, piegas, de mau gosto. 
      Uma complicação é a competição com o companheiro; outra, o excessivo controle do 
companheiro ou dos filhos; uma terceira, a dificuldade da entrega, que pode manifestar-se a nível 
físico como na caricatura de Jodorowsky: um super-homem sexual elástico com infinitos dedos que 
terminam em línguas, com uma extraordinária capacidade de dar prazer que tanto o absorve que 
não lhe sobra atenção para gozar. Por trás desta incapacidade de entrega está a desconfiança, o 
medo da rejeição, o medo de cair no vazio; uma desesperança de fundo num caráter aparentemente 
otimista: sentir que tem que manter tudo sob controle, cuidar de si mesmo. 
      Para a pessoa cuja imagem exige autodomínio e domínio das situações pode ser que o 
anseio de amor se associe a um anseio de deixar-se dominar, e com razão, pois somente com a 
renúncia do seu próprio domínio e manipulação pode permitir-se ser profundamente tocada. Lembro-
me de ter visto este tema tratado no cinema em Swept away, onde uma mulher desenvolve uma 
paixão intensa por seu companheiro de naufrágio depois que este a seduz. No entanto, passado o 
período em que o amor envolve sacrifício de vaidade, este pode ser reinterpretado como mero 
masoquismo, e igualmente ocorre quando o sacrifício da própria imagem não chega a ser 
correspondido com o amor desejado. 
      O amor narcisista é um falso amor, diferente do amor acariciante do EII já que se expressa 
mais em atos do que na expressão emocional. Associa-se a uma atitude efetivamente mais serviçal. 
No entanto é mais terno que o EI, cuja benevolência é menos sentida. Todavia, ante a frustração, 
torna-se acusador e adota uma posição de vítima agressiva. Não é que reclame como o EIV, pois 
fala pouco o que sente, porém com sua acusação fere a autoestima de quem o frustrou. Expressa a 
sua raiva sem escândalo aparente, porém com palavras cortantes, precisas e afiadas – e 
preferivelmente diante de testemunhas. É nestes momentos, nestas fases da relação, que se torna 
mais notório o fato de que não acredita verdadeiramente no amor. Mesmo quando o recebe não 
pode acreditar nele, pois não poderia ser resultado de sua arte de seduzir e de sua aparência, de 
sua capacidade de deslumbrar e de ocultar os próprios defeitos? A dúvida – mesmo que afastada da 
consciência – alimenta a sedução, e quanto mais se entrega ao cultivo de sua imagem, mais à 
mercê do outro fica e mais se defende dele através do domínio de si e do cultivo da independência. 
Sua independência se nutre da dependência de outros: é o poder que confirma o haver-se tornado 
indispensável. O amor do EIII, portanto sabe fazer-se indispensável e alimenta a dependência.  
      Enganam-se o homem e a mulher plásticos, ao desconhecer sua inumanidade e assim 
poder manter uma ilusão de benevolência. Dominam o papel amoroso, como dominam 
eficientemente todos os papéis; ignorantes do seu sentir, confundem facilmente o sentimento 
imaginado com a realidade. O mesmo rol amoroso pode ser difícil de sustentar, dado que a 
intensidade da paixão por gostar gera intolerância à crítica ante o perigo da frustração. As facetas da 
perturbação amorosa que então aparecem são a frieza e a agressão. 
      O amor ao tu está submerso na própria imagem. É, um amor cimentado na necessidade de 
validação pelo outro; orienta-se a serviço da necessidade do outro e pode-se dizer que o segundo 
serve ao primeiro (quer dizer, a necessidade do outro é primária, e a generosidade, uma estratégia 
sedutora). 
 No mundo das relações em geral, pode-se afirmar que este caráter necessita do outro, por 
que se sente através do seu reconhecimento; é mais amistoso do que a maioria, mais extrovertido, 
mais voltado  para o outro. Irradia alegria, benevolência e adaptabilidade, mas também 
superficialidade. Tanto no plano social como no das relações sentimentais pode-se falar de um amor 
sedutor, já que aparenta estar mais com o outro do que verdadeiramente está, e encobre a forma 
como se serve dele. Uma obra prima na retratação desta situação é o personagem de Becky em La 
feria de las vanidades (A feira das vaidades) de William M. Thackeray.
      O amor a Deus no caráter vaidoso tende a ser eclipsado pelo amor humano em suas duas 
formas: amor a si e ao próximo. Este traço característico seguramente contribui para a secularização 
da cultura norte-americana e do mundo moderno em geral. O sentido prático e o utilitarismo 
predominam sobre os valores universais; admira-se as pessoas porém não se valoriza o abstrato ou 
transpessoal. Quanto a um caminho espiritual trata-se no geral do tipo de pessoa que diria: “Que 
caminho?” Enfim, uma pessoa mundana, como caricaturiza Chaucer no personagem do monge 
elegante e prático em Contos de Canterbury. 

domingo, maio 30, 2010

ENEATIPO IX. AMOR COMPLACENTE

     Neste caso pode-se pensar no amor preguiçoso como o de alguém que não está
plenamente vivo. Um amor tíbio, a “meio-fogo”, em que a pessoa não está inteira; oposto ao amor-
paixão, pode-se caracterizar como um amor fleumático.
      Igualmente cabe dizer que é um amor distraído. Está disposto a dar muito no plano da ação,
mas lhe falta atenção à verdadeira necessidade do outro. Vem à minha mente como instância
concreta desta falta de atenção à verdadeira interioridade do outro o que alguém comentou uma vez
de sua - por demais prestigiosa – analista: “É como uma nana.” Um cuidado bem intencionado onde
falta comunicação profunda, empatia e entusiasmo. Seguramente são os EIX aqueles que mais
freqüentemente dão ao outro aquilo a que se refere a expressão “presente de grego”: um presente
caro com o qual o destinatário não sabe o que fazer nem onde por.
      O amor maternal do EIX pode ser inclusive percebido como invasão. Conheço, por exemplo,
alguém que recorda haver-se sentido asfixiada pelo peito da mãe. Ainda que se trate de uma
recordação real ou de uma extrapolação ao passado de experiências posteriores e inclusive
presentes, seu conteúdo é significativo. A menina sentia-se também sufocada pela pesada colcha
sobre sua cama, recordação em que parece cristalizar seu sentimento de moléstia ante a mãe que
velava por ela em um sentido concreto, mas por quem não se sentia abrigada em um sentido íntimo.
      Pode tratar-se de um amor que não escuta, mas que impõe ao outro sua própria compulsão
de maternidade ou abnegação conjugal. A situação foi comicamente expressada por Woody Alen em
uma imagem de seu filme  Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo...: um grande peito
avança distribuindo leite como um abastecedor e assolando a paisagem.
      O papel de uma pessoa generosa supõe quase uma segunda natureza, mais que um rol
consciente, faz parte da estrutura da personalidade que a pessoa seja abnegada. Mais
inconscientemente que em outros caracteres, trata-se de um amor sedutor pois o indivíduo começou
muito precocemente a sentir que necessitava renunciar seus próprios interesses para ser aceitável.
Talvez não estivesse seguro de sua situação familiar – como no caso de uma criança adotada – e
sentiu que não merece, que não está à altura, que poderia perder seu lugar. Ou foi o sétimo filho de
uma família de dez e, para fazer-se ver e escutar, para sobressair, não encontrou outra maneira
senão a de não dar problemas. Em outras palavras, seu presente aos pais é a negação de suas
necessidades, de sua frustração, de seu clamor ou exigência.
      Já que a adaptação aos desejos e exigências alheios se faz predominantemente através da
conduta, o amor no EIX é – como no caso do EI – um amor ativo, e em seu aspecto aberrante pode
caracterizar-se como abnegação ou benevolência sem a experiência do amor. Tanto na relação
entre os sexos como na maternidade, trata-se de um amor institucionalizado, ajustado a um papel
social costumeiro.
      A desatenção ou desinteresse com respeito à experiência mais íntima do outro pode ser
entendida como uma revanche por sua excessiva deferência para com o outro (no plano do concreto
e prático): uma “agressão passiva”. Outras formas semelhantes são a negligência, os atos falhos, os
esquecimentos e, inclusive, a obediência automática quando esta se torna destrutiva.
      Ao examinar a experiência amorosa do EIX em termos da tríade de aspectos fundamentais
do amor vemos que predomina o amor ao próximo, enquanto que o amor por si mesmo é sentido
como a mais profunda proibição. O amor a Deus tende a ser uma experiência menos proeminente
que o amor humano, ainda que uma forte tendência religiosa possa fazer pensar que às vezes não
seja bem assim. A tendência religiosa deste tipo de pessoas tende a  ser resultado da identificação
com os valores da sociedade e de seu amor ao rito, e pode tratar-se de uma pessoa ativa e às vezes
piedosa e, não obstante, desespiritualizada pois sua relação com o divino não implica em uma
disposição (ou um interesse) à vivência mística.
      Parece, no entanto, que para alguns o amor à atividade artística constitui uma ponte entre o
material e o espiritual: a arte é um fazer, uma atividade (especialmente o esculpir ou pintar, cujo
produto é concreto) e, contudo, um veículo de experiência espiritual e emocional às vezes velada.
Chamou-me a atenção ao revisar diversas biografias, encontrar tanto políticos como artistas entre os
eneatipos IX. Parece que uns são os EIX “propriamente ditos” e, outros IX, aqueles que encontraram
o contrapeso para uma vida excessivamente prática num fazer artístico interiorizante.
      Há muito de mãe no EIX, como se o doador se intensificasse com o papel de mãe; ainda
que em seu momento lhe faltou um profundo amor e se resignou a não senti-lo, é como se quisesse
preencher esta carência com seu próprio dar ao outro, projetando sua necessidade em um terceiro.
A renúncia é altruísta e a necessidade do outro passa a ser a própria; o outro passa a ser, pois, um
substituto de si, de seu ser.
      Os acidiosos (e particularmente um subgrupo deles) se permitem, contudo, uma forma
especial de amor a si mesmos; uma forma particular de amar-se a si próprio que é às vezes um
desvio ou perversão: o amor-comodidade. Por muito trabalho que possa dar o pôr-se cômodo, é um
substituto do verdadeiro amor a si mesmo, uma compensação - através da comodidade, o não-conflito e a suavidade - de uma frustração mais profunda. Expressões deste amor-comodidade são o
álcool, o tabaco e a comida. O afeto, inalcançável, é substituído por tais estímulos em tipos como o
gregário Mister Babbit, com seu charuto.
      A falta de amor a si mesmo no EIX manifesta-se no desconhecimento de suas próprias
necessidades profundas, a desconexão da criança interior, a perda de espontaneidade lúdica, o ter-
se feito adulto antes do tempo e muitas vezes, de forma muito visível, a tomada de
responsabilidades.

quarta-feira, maio 26, 2010

ENEATIPO I. AMOR SUPERIOR

      Escassamente se distingue no uso habitual a ira e o ódio, posto que se chama ódio o oposto
do amor. Segundo isto, a paixão do EI seria um antiamor. Seu caráter manifesto, no entanto, não é
este “contra-amor”, que descrevemos como próprio da violência, o atropelo e a exploração do EVIII.
Já vimos como o EI é um caráter bom – entendendo-o por alguém que não odeia, mas que ao
contrário,  professa o amor.  Assim como o amor do EII é um fenômeno emocional em que falta a ação, o amor do EI está
constituído de intenções e atos em que falta a emoção: um amor pouco terno, duro inclusive, dir-se-
ia, se a proibição da dureza e um empenho consciente em ser terno não o fizessem menos
aparente.
      As personalidades dos eneatipos VIII e I são comparativamente agressivas, só que em um a
agressão (valorizada) está nua e em outro (desvalorizada), negada, e de certo modo
supercompensada , especificamente na vida amorosa e no aspecto amoroso das relações e
situações humanas. Enquanto que o EVIII é um “vilão” explorador que exige indulgência ou
cumplicidade, o EI se põe frente ao outro como doador generoso e, em virtude disto, sentirá que tem
direitos correspondentes.
 Sua agressão não desaparece, no entanto, mas se metamorfoseia em exigência e
superioridade, em um domínio ou controle sobre o outro não menor do que no caso do caráter
avassalador – só que aqui se disfarça (ante os olhos do próprio sujeito) de algo justificado por
princípios impessoais.
      Uma ilustração de Quino explica o profundo auto-engano dos “justiceiros morais” ou
perfeccionistas (para distingui-los dos justiceiros amorais luxuriosos), que disfarçam seus desejos de
exigências justas presumidamente desinteressadas: a justiça, que comumente se personifica em
uma mulher cujos olhos vendados não distinguem pessoas nem interesses, leva uma venda sobre
somente um dos olhos (que comicamente nos recorda o tapa-olho de um pirata, em sua imagem
estereotipada), e com sua poderosa espada corta uma fatia de presunto.
      A imagem do presunto aqui parece contradizer implicitamente essa pretensão
desinteressada dos puritanos, caricaturada por Canetti no retrato de uma vestal incorruptível cuja
boca está dedicada exclusivamente ao serviço das palavras e nunca se corrompe recebendo algo
tão baixo como os alimentos dos que vivem, os comuns mortais.
      A forma de afirmação dos desejos é, então, sua transformação em direitos; e assim como os
desejos do rebelde se sustentam em seu poder bruto, os do virtuoso se apóiam em sua
superioridade moral. A tal transformação do “eu quero” em “tu deves” alude Quino no resto do seu
cartoon, que nos mostra, junto à poderosa mulher gorda (que como paródia da justiça cortava o
presunto), sobre uma cadeira alta, um juiz; um juiz que, por sua estatura e tipo de cadeira que usa,
assim como pela presença de um brinquedo no chão e seu gesto de lamber-se, enquanto come, é a
imagem de uma criança, tão impotente como poderoso é o braço da justiça.
      Aludir a esta perturbação do amor como “amor superior” implica em um “amor inferiorizante”:
o outro, tão beneficiado em aparência por seus atos benévolos, vê-se privado de qualidade moral ou
estatura espiritual; é em certa medida vilanizado enquanto é controlado e exigido.
      A inferiorização do outro se faz através da crítica, seja a crítica explícita e consciente a seus
rendimentos, decisões ou atitudes (“fizeste isto ou aquilo mal” ou “não aprovo tal aspecto de tua
vida”) como a crítica menos explícita de um não se dar por satisfeito ante manifestações do outro
que não alcançam o ideal de excelência perfeccionista.  Entre os três amores, o mais dominante aqui é o amor admiração: o amor à grandeza, ao
ideal. O amor ao próximo vem em segundo lugar, porque é um amor à altura dos ideais, um amor
que se associa ao dever, por ser um amor pobre em  ternura. E, mais postergado, encontra-se o
amor a si mesmo, inconsciente e negado. Sua moral não permite os próprios “desejos egoístas”
assim como não permite os alheios. Pode-se falar neste caráter de uma atitude antivida, em vista do
excessivo controle repressor dos próprios impulsos, do tabu de sua instintividade e da do outro.
Ainda que se trate do amor superprotetor em relação aos filhos ou do amor possessivo em relação
ao parceiro, não só há uma perda de espontaneidade do próprio indivíduo, mas também uma
relação que destrói a espontaneidade do outro, que se vê envolto em um campo repressor invisível.
      Este amor, excessivamente condicional, exige méritos inalcançáveis e perde a
espontaneidade. Desconhece sua destrutividade; assume o papel parental não para apoiar, mas
para interferir com a criança interior do outro.